A grande dúvida que emerge neste momento é se a inflação é transitória ou se é permanente, sabendo-se de antemão que, mesmo sendo temporária, pode-se transformar em permanente aumentando salários e preços, “alimentando” assim a espiral inflacionária. E quais são as principais causas do presente aumento da inflação? Em primeiro lugar, a criação massiva de dinheiro e gastos públicos nos últimos anos quer na Europa quer nos EUA contribuíram para que exista muita liquidez e mais dinheiro em circulação. Como consequência, obteve-se um aumento da procura (logo preços). Existindo a mesma oferta de bens e serviços, mas mais dinheiro a circular e mais procura, os preços sobem. Em segundo lugar a pandemia de Covid reduziu a procura de serviços temporariamente (confinamentos) mas aumentou a procura de produtos. Esta situação provocou uma sobrepressão nas cadeias de suprimentos e logística (fábricas sem capacidade de produção, falta de mão-de-obra) o que resultou numa incapacidade pelo lado da oferta. Em terceiro lugar, o desequilíbrio do ponto anterior, criou um afunilamento nas cadeias logísticas que, com a escassez de meios de transporte e também falta de alguns componentes críticos, aumentou ainda mais a pressão para o desencadear de uma espiral inflacionária. Por último, os custos de energia aumentaram pela escassez de gás armazenado, pela diminuição de produção de energias renováveis nos últimos dois anos devido às condições climatéricas (menos vento e seca) e pelo início da Guerra na Europa em 2022. Estas quatro situações parecem à primeira vista ser de certa forma circunstanciais: O BCE vai terminar a política de quantitative easing (fim de compra de dívida aos bacos pelo BCE), a FED nos EUA iniciou há mais tempo a subida das taxas de juro, logo existirá previsivelmente menos dinheiro em circulação. O fim da pandemia poderá trazer mais procura de serviços e alguma redução de procura de produtos (por exemplo mais dinheiro gasto em viagens que regressão ao quotidiano de muitas pessoas e famílias). As cadeias de suprimentos e os “apertos” nas cadeias de logística também tenderão a desaparecer com o restabelecimento do equilíbrio. É possível que uma parte dos custos de energia fique mais controlada através da resposta dos países aos constrangimentos recentemente criados e também pela desaceleração do consumo da China que presentemente é responsável por mais de 20% do consumo mundial de energia. Neste ponto subsistirá por mais algum tempo a questão da disrupção causada pela Guerra na Europa e a dúvida sobre como será a resposta (mais ou menos concertada) dos restantes países em função das suas necessidades individuais de consumo. A Europa é um continente com uma população envelhecida (que gasta menos que uma população mais jovem), algum excesso de capacidade e consequente concorrência que limita o crescimento de preços. Foi por esta razão que o BCE nos últimos anos apoiou políticas de taxas de juro muito baixas e injeção de dinheiro no sistema para evitar o risco de deflação. Por tudo isto, poderá ser possível que se assista a uma estabilização do crescimento da inflação nos próximos tempos com a normalização destes fatores de pressão e pela adoção de políticas monetárias de ajuste. Não se pode obviamente descartar o contrário, mas com a centralização da política monetária, a zona Euro tudo fará para que não aconteça uma espiral de consumo e inflação. Certo é que, com o baixo prémio pago pela banca aos aforradores (que continuam com os seus balanços capitalizados e por isso ainda sem necessidade de remunerar em melhores condições os depósitos), para evitar perder cerca de 10% ao ano dos seus ativos, os investidores deverão considerar o investimento em ativos produtivos (através de investimento direto ou através de fundos) como por exemplo em empresas produtivas e estáveis que são uma excelente alternativa de salvaguarda de património e cujas rendibilidades possam ser superiores à taxa de inflação. #fusoeseaquisições #changebusinessbrokers Comments are closed.
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AutorSérgio Ferreira, entusiasta pela área de M&A é mestre em gestão e estratégia industrial e engenheiro civil Histórico
May 2024
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